domingo, 25 de dezembro de 2011

Quando a gula e a luxúria se encontram

Na ilha de tais pecados
a orca e a ninfetinha
uma comendo, a outra quietinha
de olhos fechados


Tudo exibido pela TV
Sob o fiel olhar do homem
Aí que juntaram a fome
com a vontade de comer.


Então, com suas barrinhas de cereais,
Decidiram ir pros anais
do inferno, como de outrora:


Conhecidas de velhos carnavais
deu-se a entender que uma
comeria a da outra... agora...




John Borovisque.
(2011.)

O Epitáfio

Sendo o lírio questionado
pelo seu amor orquídea
sobre o que, de então, faria
se o seu amor fosse arrasado

por alguma mão criança
adulta ou sem lembrança


Ele disse que não se importaria
se visse sua vida apodrecer
ao chão sob o qual a vira nascer...

(posteriormente, só me lembro dele ter dito que,
sobre algum epitáfio, se jogaria.)




John Borovisque.
(2010.)

Carinhosamente, A Solidão

Não tenho amores
mas também, não tenho dores;
Decidi crescer só, sem esparadrapos na consciência;
Pois que, amanheci num dia e lá estava eu, a paciência.




John Borovisque.
(2010.)

Quando a ira e a preguiça se encontram

Esparramada na cama
Com seu pijama cor de mel
Ela estava um doce
Era a garotinha que caiu do céu


Se encontrava no primeiro sono
Quando a Ira chegou
Esta bateu a porta, com calma
bateu a porta, e que calma!


Não abriu os olhos
A preguiça dos corações indefesos
Tampouco a porta arrombada


Chegando ao quarto, a cobriu
Dizendo - Tenha bons sonhos, querida - a Ira
Sem pressa, também sabia que era imortal.




John Borovisque. (2011)

Natalidade

feliz natal aos próximos
aos meus, que mal conheço
espero conhecer-vos
como quem se conhece com apreço


feliz natal ao nunca visto
feliz natal ao teu amor
este, que carregas, sem jeito
no fundo do peito
sem tanto amor, sem tanto peito


feliz natal aos prósperos
estes, que se perguntam
sobre o porquê dessas palavras
senhores de engenho
sem necessidade de mais escravas


feliz natal aos mais chegados
e aos que eu não fui com a cara
e aos santos, e aos demônios:
quem vê cara, não vê hormônios.


John Borovisque.
(véspera de natal de 2011.)

Rosas

Descansar em paz
até que podia ser mais agradável
lamentável aceitar que lírios do campo
não mais podem me levar a você


E já que não há mais como voltar
bem que o tempo podia me curar;
Ah, mas eu queria retornar,
E, mesmo a cura difícil,
Curado, eu já iria estar.


Ficar de bem comigo mesmo
até que me seria vital
surreal seria mover teus pensamentos
pra perto dos meus


E já que não há mais a quem alegrar
bem que o vento, minhas lágrimas, pudesse secar;
Como eu queria, em sussurros, te ver me amar;
Pelo menos, então,
Eu já tocaria Deus.




John Borovisque.
(2010.)

Desperta(Dor)

Meu coração bate como um relógio:
Explodem-se as pilhas!
A alma velha de guerra, e o sorriso;
Janela aberta pelo tempo!
- E eu com isso?!


E custou pra mim até acreditar;
Você me ameaçou e então, eu pus-me à brincar;
Aí, você quis me tirar do teu bolso;
e acordei como quem é acordado ainda as escuras...
- Vamos, despertador! Já é cedo e precisas trabalhar!




John Borovisque.
(2010.)

O poeta está morto

O poeta está morto
Ele não se matou, como o esperado
Algo lhe tirou a vida, de imediato.
O poeta está deitado


De olhos abertos, e sem sangue
O poeta está afoito
Pois, de coitado, só teve o coito
E de morto, só este poema.




John Borovisque
(2011.)

Caminho sob a lua

Eu caminho sob a lua
como qualquer apaixonado faria,
Com olhos fugindo das órbitas
te amando por não estar nua


No caminho sob a lua
e como qualquer garoto novo faria,
Sem olhos pra outras órbitas,
te amo por ser somente a lua.




John Borovisque.
(2011)

Cris

E agora, o que faço eu aqui
Depois de tanto ter nadado
Nas águas do teu amor,
O que me arrancou os braços, as pernas, menos a dor
De não teres me amado?


E agora? Mato-me aqui mesmo
Sem sombra ou ar fresco,
Nem um ombro pr'eu chorar?
Então, como fazes, Crisântemo, pra extravasar
Logo após o partir de sua Rosa, a lhe abandonar?


Quando eu fechar esta porta
Veja, ela não mais abrir-se-á;
Gastei tempos, todos só por ti a sorrir
E até tive dinheiros, mas nunca me tive a mentir
Mas, a porta está aberta, e nem sei se conseguirei fechá-la.


Eu sofro de uma dor
Da qual, jamais, desejarei que alguém a sofra;
Sim, eu sofro de amor
E estou morrendo por um amor, mas sem ao menos morrer!
Não falo e não vejo mais nada. Só procuro por você.




John Borovisque.
(2010)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Susto

Estenda-me a mão
E, com um não, me dê em troca
Qualquer e pouco trocado
Para este pobre coitado


Qualquer, sequer algum cuidado
Me dê algum trabalho:
Faça-me o trabalho
De estender tua mão.



John Borovisque.
(2011.)

Vida a três

E, enquanto levarmos uma vida a três,
tudo será diferente;
Levaremos você a lugares nos quais nunca esteve
Te amaremos com um amor
de quem, da vida, se absteve
por não ter te conhecido.
Teremos quem quisermos ter
(Escreva isto nalguma linha retida):
Seremos somente eu e você
e esta escrita, nossa e bem-resolvida.



John Borovisque.
(2011.)

Um pouco de luz

Tenho um pouco de luz
No fim do túnel
Desses meus olhos azuis -


Tanto que tenho um pouco -
Guardo um, leio com outro
Eu leio um pouco, mas leio.


Até quando, eu não sei
Terei esse tanto de luz
E o reflexo dos olhos azuis.




John Borovisque.
(2011.)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Poema (bobinho) de amor

Tão delicado é o choro da dama
Ao simples tilintar do sofrimento
Que, de tão tardio, o meu pensamento
Nem pude socorrê-la, a que me ama.


Este choro que não presenciou,
A que ainda não viu o homem em pranto,
Que diz não chorar, mas, que chora tanto
Quando vê em pedaços o amor que semeou


O que o fez com santo cuidado,
Nalgum dia de sua tão breve vida,
Da qual ele até pensa em se retirar


Ao escutar sua moça, enfim, dizer
Que, por mais que pudesse merecer,
Nada, a ele, ela podia mais dar.




John Borovisque.
(B-side de Verso Rígido.)

domingo, 13 de novembro de 2011

Discutindo a relação

Os poetas viajam
Naufragam em vão
Sussurram palavras a ouvidos
De outros, que dançam


E, assim como as horas,
São filhos postiços, queridos;
São como genros, e noras
De nossos tanto atrevidos


Ponteiros incertos,
De dores passageiras e olhos que veem,
Dos pés que gelam, bocas que selam
meus mil beijos nalgum verso de alguém


Em lábios que nem podem tocar,
Já que são lábios escritos;
Te soluço algo como vinho, você me tem;
És quem, afinal, pra me dizer como amar?




John Borovisque.
(B-side de Verso Rígido.)

sábado, 12 de novembro de 2011

Dia dos namorados

À todos os namorados,
Aqui vos deixo um poemeto:
Amando com amor, ou calados
Um silêncio nunca mete medo.




John Borovisque.
(B-side de Verso Rígido, 12 de junho de 2010.)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sexo Verbal

Ninguém pode ler
o que, aqui, está escrito.
Isso é sigilo. É tabu!
Bu! E agora? E aquilo ali, em negrito?


Os músculos se contraem
Quando o poeta se contorce todo, mas, por pura vontade;
Se contorce por prazer, de ser
o todo seu de sua própria criatividade.


Camisa de vênus, e as ninfas
Duas bocadas, e foi-se a entrada
Fez-se a dança do amor
E veio-nos a menina, renovada.


Ninguém sabe o que aconteceu.
Mas, todos sabem, sim, o que aconteceu.
É que a nossa imaginação entra em orgasmo
só de imaginar que a vida, de amores, ali morreu.




John Borovisque.
(B-side de Verso Rígido, março de 2010.)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Moça Educada

Moça educada
até termina com "por favor" e "muito obrigada";
é, moça educada é outro nível
e talvez seja, realmente.


Moça educada
sempre nos deixa com um um gostinho bom na boca,
e com um nó na garganta;
não, nós não temos nenhuma opinião formada sobre ela


Arrastando multidões inteiras
com sua tamanha gentileza;
tamanha gentileza essa que, até os que nem
eram tão vis assim, se conspiraram contra mim.


Moça educada
sempre é habilidosa com as palavras;
sabe controlá-las na hora certa, dosá-las;
ela sabe me curar, e me matar, como me faz agora


E tudo o que eu sei
sobre essa moça, que sempre me fez rir
até nas horas mais incertas
é que, na verdade, ela nunca existiu



John Borovisque.
(B-side de Verso Rígido. 2009)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Folclore

O que um anjo
Sente pelo outro,
Em seu íntimo,
Não é folclore.


Pode ser folclore
Um beijo bem beijado
Um amasso bem amassado
Sendo eles sem ter
Algum sentido.


Quando um anjo
Corta sua asa,
Mas o faz sem querer,
o folclore está em
Se explicar ao outro.


O que não pode
Ser um folclore
É o fato de não deixar
De ser quem és, mesmo amando.


Folclore
O nosso amor nunca será;
Folclore
É o que há no ar
Mas, se me respirar
Nunca terás quem a ignore,
Somente ouvirás falar em folclore.




(Folk - ''povo'' e Lore - ''saber'')
John Borovisque.
(B-side de Verso Rígido. fevereiro de 2010.)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Brincos de Argola

Brincos de argola
quando estão nas orelhas tuas
eu gamo, amor, juro;
eu gosto de vocês
desd'os tempos de escola


Brincos de argola
quando te ajudam a sorrir
são a maravilha solene pra mim
quando estão nas orelhas tuas


Brincos de argola
são parte de tua beleza metalizada
e eu gamo, amor, juro;
eu gamo quando você balança-os
no calor da madrugada!



John Borovisque.
(B-side de Verso Rígido. 2009)

domingo, 23 de outubro de 2011

Felicidade

Dizer que a felicidade
fosse algo mero duradouro
- Pois que ouro dura pouco -
dura nem uma eternidade


Seria morrer na incrível dúvida
de que os bons morram cedo,
não digo que tenho medo
de sumir na boca estúpida,


Mas, quem me dera desmentir
o que há nessas todas velozes
- Que tão roucas e vozes -
são as únicas que me fiz ouvir...


- Felicidade é partir
de onde nunca estivemos
um lugar que desconhecemos
só por de lá vir!


- Ler poemas de meus
pra conhecer novos lares
e quem me dera cantares
que alguns fossem Deus...


Vejo que não bastou, enfim, ser rei
Pra te fazer de homem
E dizer em meu nome
Que sou feliz e não sei.





John Borovisque.
(In Verso Rígido. 2011.)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sessões #1




Eu, assinando o contrato para a publicação de meu livro de estréia, "Verso Rígido", em meados de agosto de 2011.

domingo, 16 de outubro de 2011

Interlúdio #3

"(...) Que nem sempre as coisas saem do jeito que queremos eu sei, mas também você não precisa fazer disto algo mais sonoro aos meus ouvidos, à minha alma."


saudações,
John Borovisque

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Balada à menina doente (Ela não gosta de poesias)

Ela não gosta de poesias,
a garota a quem recentemente passei a amar,
mas, se ela é o colírio único pra meus olhos sofridos,
que posso eu fazer, senão pro vento,
esses versos declamar?


Deus a colocou em meu caminho
mas não a inseriu em minha doce intuição
sobre as divinas coisas.
Penso em exibir-lhe romantismo, e a vejo detestar,
penso em dar-lhe rosas e a vejo as arrasar,
a tal garota a quem, precocemente, passei a amar.


Meninas e meninos brincando na calçada
Mal podem imaginar o quão confuso estou agora:
Detestar ou me apaixonar? Eis a questão,
Ao me lembrar de uma terceira cogitação:


Seus dentes, tão bonitos,
Que me mastigam um futuro melhor;
Seus beijos, sua voz, sua humanidade,
o que mais podia eu de alguém desejar?
Que ela soubesse que é através de poesias que também a amo,
a garota a quem, doente, passei a amar.


Ela não gosta de poesias,
A que fez de minhas noites, menos frias;
O andarilho perfeito entrou em sua pele
e, do meu coração, não pôde mais sair!


E as coisas seriam tão mais fáceis
se pudesses ler minha mente,
mas, saiba que eu realmente a desejo,
de qualquer forma, a qualquer custo.
E lá vêm eles, os anjos crianças,
o caminho da felicidade lhe mostrar,
mostrá-lo à garota por quem
recentemente passei a esperar.





John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Leminsque

Abri certo diário, e tive medo:
Há pessoas dizendo antigamente
cada vez mais cedo.




John Borovisque.
(In Verso Rígido. 2011.)

Interlúdio #2 - Amor em parafuso

- Ela transborda toda a essência de um mais amável amor com o qual tanto sonhamos ter um dia. Sim, um amor que também tenha perdas irreparáveis e sonhos modificados, porque o amor é isto. Um amor puro, poético e verdadeiro. Poucas pessoas hoje em dia sabem amar de forma poética...


- Próximo!




John Borovisque.

Versos Andarilhos

Felizes são meus versos de colorir,
Que conseguem ler o bom das pessoas
Essas que, por serem simplesmente boas,
Nem de versos precisam, pra sorrir.


Peço pros diversos que me vão ser
Que mostrem o caminho às suas vidas,
Pra que beijem as pessoas esquecidas,
As que não vão nos esquecer.


As que, por mais que pudéssemos oferecer
algum risco de vida,
Nunca nos privaram de comida
E de algum crescer.


Felizes são os versos que declamo,
Andarilhos por si só
Os feitos sem cuidado, os que amo,
Que vivem debaixo de pontes e dos quais
eu não consigo ter um pingo de dó.




John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Interlúdio #1

'Caro Frankie,



O mundo seria uma total desgraça se uns pudessem ler a mente dos outros, posto que nem sempre queremos pensar o que pensamos e, assim, já próprios nos ofendemos.'



John Borovisque.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Fogo

Todos avistam o sinal de fogo
De seus grandes palácios
de palafitas,
de alertas
diamantes.


E, com toda a moral
de uma peteca caída,
Cá vens, desaparecida
Provar de meu só floral.


Com a guarda baixa,
Não mais me meto nos que chegam,
Os olhos aguçados, me cheiram
à Faixa de Gaza


Das terras prometidas,
De onde pessoas assistem otimistas,
mesmo que sem pistas,
ao mistério da vida.


Todos têm sede, sim,
Todos têm rede;
O doutor é jovem. Que mal há?
Pelo menos já sabe por onde começar a examinar:


- Você pode morrer
E nem se tocar,
Ou nem se teclar,
Se você for mesmo, um vício.





John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tudo no domingo me é sério.
Me encabula o seu sorriso, o seu falar
Seu andar por entre as horas, tão devagar
e rápido, tão isento de um mistério.


Me faz lembrar de dias chuvosos
Mesmo o que por vezes escaldante,
Pois calor me lembra amor de amante:
Preferia poemas a beijos escandalosos.


Disseram que seu resguardar é de lei
Mas, me resguardar a quem eu podia,
Já que a vida corre e nem andar eu sei?


(Se bem que, no fundo, estaria contente
Porque tentarão arrancar do céu a semente
Que, ao tocar o chão, será o segundo dia.)




John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Falam

Fale o que falem, eu sei
que já disse o que precisava,
Que já amei enquanto economizava
duas palavras das quais nunca falei.


Eles falam, falam muito
sobre o que me fiz hesitar;
Falam, falam sobre ela,
Sobre o tão feio nome que é amar.


Fale pra entender,
Fale pra desentender;
É o não-obedecer disto
e daquilo que se queira dizer.


Falam muito sobre o querem escutar,
Falam muito do capeta, do homem
Mas, digam o que falem,
Eu não vou mais falar.


Ops. Eu disse.





John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

Poema de um sotaque só

Eu falo um brasileiro
Com um quê de português;
Marinha mercante, tipo merchan
E, assim, vou fechando o mês.


Nunca me dei com o baianês
Do sonoro farol da barra
Mas, que de boas gurias e axé-farra,
Até mata o meu guri freguês.


Dos pés de meu sambista,
Canto hinos ao teu célebre fascista
Numa última paródia italiana


E perco meu tempo, à americana
s-o-l-e-t-r-a-n-d-o conduíte e chupando cana
Nesta vida que só se entende por brasiliana.




John Borovisque
(in Verso Rígido. 2012.)

domingo, 2 de outubro de 2011

Memórias póstumas sem jazigo

Ande, passe a bola
Estão todos esperando;
Siga em frente, não dê bola;
Jogue o jogo e então, evolua.


Esqueça o passado,
pois, afinal, já é passado;
Este é só um espelho
Quanto mais se olha, mais se está passado.


Não se deixe intimidar
pelos bobos da corte,
não se deixe enganar
por quem só te quer à noite


E se esforce
mas também relaxe;
Seja o fiel que torce
mas também a fé que age.


Sinta-se em casa
porque eu não me sinto;
Veja o que vejo, cuspa o que falo
Porque, na verdade, só penso que minto.


E que salve o seu império
de todas as mais destrutivas chagas
E que chegue a tempo
pra resgatar a sua princesa da eterna maldição,
mas, se no caminho bater uma vontade de se matar,
de ser mais um não ao sim da lida,
só não me diga que o não avisei sobre a vida.




John Borovisque
(in Verso Rígido. 2012.)

A Tentativa de poema

- Pois é. Talvez eu saiba o que seja amor.
- Você sabe amar.
- Que ironia. Se eu sei amar?
- Eu afirmei. Você sabe amar.
- Por que acha isso?
- Senti no teu tom de voz.
- Não tenho sorte no amor. Vou começar a jogar. Acho que
consigo ficar rica.
- Veja pelo lado positivo da coisa: acabamos de fazer um poema.






John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

Promessa

Já esperava.
O fato de crescer em teus braços,
Me enraizar como faz o tempo,
jogando longe, seus laços
de entendimento

(leia-se arrependimento.)



Procurava
de norte a sul
a boca que antes dissera, espessa,
que em nós estava a promessa
pro mar menos azul.
Esqueci-me disto no templo.


Sou eu,
O último púbere da aldeia perdida,
tão único em minha cumplicidade
e com tanta vontade pra mal guiar uma vida.


E sou eu, um monge, ou Morfeu
O que reza por ti, às vezes,
­­Que te canta canções
Ou o que só te faz passar os meses,


Mas, cá entre nós,
Me senti feliz em prever o tempo,
Em saber que o povo reagiu bem
vendo o seguro morrer de velho.




John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

Poema interessante

É bem perceptível
esse seu entusiasmo,
porque mal consegues falar
e sou eu quem engasgo!





John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

Pois todo amor cai como uma bomba

Quando amamos um amor,
queremos que ele nos venha
todo engomadinho, todo bonito.
Santo amor que nos convenha!

E não digo que isso esteja errado.
Certo.

Porém,
não se pode exigir uma flor
sem que mesmo possas amar,
condenar o outro a um olhar
que não o seu, de amor.

Beijo.
Uma forma carinhosa de afeto.
- E se eu não quiser beijar?
Aí, tem o abraço.
- Não quero amar de perto.
Ainda há o sorriso.

E não digo que isso esteja passado:
Presenteie-se.




John Borovisque.
(in Verso Rígido. 2012.)

Quantempo

Quanto tempo demora O cego a enxergar Depois que a noite cai, O dia se vai, e chega a hora? Quanto tempo me resta de vida Que, de tão já gastas pernas Das quais andam, há sempre (e ternas) Pelos bosques da juventude perdida? Há quanto tempo disfarço O que sempre senti pelo amor, Que me voou das mãos, com tanto horror Que nem pude mais o agarrar com um só abraço? Manipulo-me. Então, retiro-me, A ler versos de dor sem sentido, Nos quais me encontro, de ser tão contido, De ser tão repetido que até compreendo-me. Há quanto tempo eu não vejo Que estou vivo, e que o tempo passa, Que não há mais peito, nem graça Pra invocar meu São Desejo? E se já não me acabei, Por que aqui estou, a me acabar, Por algo a que ainda há de me matar Que é o tempo pelo qual nem passei? John Borovisque.

(Intro #1)

"Certa vez, o revisor de Verso Rígido me questionou sobre o porquê do nome dos dois atos da obra. Disse que não faria sentido. Cara ou Coroa e O Outro Lado da Moeda - Como assim, moço? Respondi-lhe que a vida é um jogo, como cara ou coroa, e que, nem sempre seus jogadores estão preparados para lidarem com o outro lado da moeda (que pode ser encarado como o resultado do jogo ou como uma simples consequência da vida) que é exatamente o que elas não veem, talvez porquem não podem, não conseguem, ou porque não querem. Isso pode ser triste, ou alegre, mas, sobretudo, fatal."

Por mim.

10, 2nd 2011.

Olá pessoal, tudo bom? Este aqui é um cantinho dedicado às minhas obras, às poesias. Hoje, estou começando por aqui uma nova fase de vida, já que estou prestes a publicar meu primeiro livro, uma antologia poética. Bom, "Verso Rígido" é um livro bastante versátil, onde eu abordo e até chego a "remodelar" alguns conceitos, ao longo do livro. Separei alguns poemas e estarei divulgando-os aqui. Este é um tipo diferente de tudo (ou quase tudo) o que já viram relacionado à poesia, então, só espero que acolham a idéia que cada um vos passa com o máximo de carinho e atenção que puderem. Por favor, também gostaria muito que comentassem. Adoro outros pontos de vista, tanto positivos como negativos, desde que estes últimos sejam construtivos. Até as próximas palavras, e muito obrigado. John.